A notícia trazia os seguintes trechos:
“O jovem e entusiasta Célio Studart se candidatou a deputado federal no ano passado com o mote que seria o deputado federal mais barato do Brasil, sendo contra financiamento de campanha por empresas e partido políticos. Isso chamou atenção e lhe rendeu muitos votos.”
e
“O Blog teve acesso à prestação de contas de campanha de Célio (http://meucongressonacional.com/eleicoes2014/candidato/201460000000638), e descobriu que sua campanha foi financiada pelas empresas JBS e Grendene, através de doações da campanha de Camilo Santana e do Partido Verde. O valor corresponde a mais da metade de suas receitas. Infelizmente, parece que o caso do: ”Faça o que eu digo e não que eu faço” sempre ronda a classe política.”
Para nivelamento de conhecimentos aos leitores desta notícia, a lei estabelece que os partidos políticos devem estabelecer um limite de gastos de campanha e o Tribunal Superior Eleitoral oferece pela internet o Sistema de Prestação de Contas Eleitorais (SPCE), por meio do qual os partidos apresentam contas e o cidadão pode acompanhar os gastos.
O cumprimento das regras eleitorais, definidas em lei e em resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é fiscalizado pelos próprios partidos na defesa de seus interesses e pelo Ministério Público Eleitoral. O cidadão, porém, pode também atuar na fiscalização, acompanhando os gastos dos comitês partidários e denunciando abusos e irregularidades de candidatos.
Antes de opinar sobre o ocorrido e avaliar a postagem do jornalista, fiz uma consulta aos Doadores e Fornecedores de Campanha de Candidatos - v.: 1.6.1 que está publicado na seguinte URL http://inter01.tse.jus.br/spceweb.consulta.receitasdespesas2014/abrirTelaReceitasCandidato.action.
Ressalta-se que os dados publicados no TSE são informados diretamente pelos candidatos e seus Comitês Financeiros/Direção Partidária.
A tabela a seguir faz um ranking com base valor unitário dos votos para deputado federal no Ceará 2014 e percebe-se que o valor do voto variou de R$ 36,32 à R$ R$ 0,18.
Os três candidatos mais caros foram: 1) INÁCIO ARRUDA (NÃO ELEITO) com R$ 36,32/voto; PAULO HENRIQUE LUSTOSA (NÃO ELEITO) com R$ 32,19/voto; e EUGENIO RABELO (NÃO ELEITO) com R$ 29,78/voto.
Os três candidatos mais baratos foram: CABO SABINO (ELEITO) com R$ 0,18/voto; DR. JAZIEL(NÃO ELEITO) com R$ 0,58/voto; e CELIO STUDART (NÃO ELEITO) com R$ 0,67/voto.
Um fato curioso foi o candidato INÁCIO ARRUDA, com maior valor unitário, NÃO FOI ELEITO com R$ 36,32/voto e o candidato CABO SABINO, com menor valor unitário, FOI ELEITO com R$ 0,18/voto.
NOME | % VÁLIDOS | % VÁLIDOS | Nº VOTOS | RECEITAS DE DOAÇÕES | VALOR DO VOTO EM R$ |
INÁCIO ARRUDA - PC DO B | 1,27% | NÃO ELEITO | 55.403 | R$ 2.012.366,57 | R$ 36,32 |
PAULO HENRIQUE LUSTOSA - PP | 1,08% | NÃO ELEITO | 47.377 | R$ 1.525.000,00 | R$ 32,19 |
EUGENIO RABELO - PP | 0,85% | NÃO ELEITO | 37.106 | R$ 1.105.011,76 | R$ 29,78 |
BALMAN - PROS | 2,01% | ELEITO | 87.666 | R$ 2.273.057,51 | R$ 25,93 |
ALMIRCY PINTO - PSD | 0,49% | NÃO ELEITO | 21.421 | R$ 476.150,00 | R$ 22,23 |
CHICO LOPES - PC DO B | 1,85% | ELEITO | 80.578 | R$ 1.643.012,52 | R$ 20,39 |
PAULO FACÓ - PT DO B | 0,54% | NÃO ELEITO | 23.740 | R$ 475.290,80 | R$ 20,02 |
MAURO BENEVIDES - PMDB | 1,38% | NÃO ELEITO | 60.201 | R$ 1.107.101,40 | R$ 18,39 |
MÁRIO FEITOZA - PMDB | 1,29% | NÃO ELEITO | 56.162 | R$ 912.180,00 | R$ 16,24 |
LEONIDAS CRISTINO - PROS | 2,09% | ELEITO | 91.085 | R$ 1.281.456,84 | R$ 14,07 |
DANILO FORTE - PMDB | 4,13% | ELEITO | 180.157 | R$ 2.476.971,68 | R$ 13,75 |
GORETE PEREIRA - PR | 3,00% | ELEITO | 130.983 | R$ 1.470.590,00 | R$ 11,23 |
RONALDO MARTINS - PRB | 2,70% | ELEITO | 117.930 | R$ 1.300.757,51 | R$ 11,03 |
DEODATO RAMALHO - PT | 0,42% | NÃO ELEITO | 18.535 | R$ 190.775,00 | R$ 10,29 |
EDSON SILVA - PROS | 0,45% | NÃO ELEITO | 19.837 | R$ 188.260,00 | R$ 9,49 |
MACEDO - PSL | 2,47% | ELEITO | 107.734 | R$ 1.021.000,00 | R$ 9,48 |
RAIMUNDO MATOS - PSDB | 2,18% | ELEITO | 95.145 | R$ 866.101,40 | R$ 9,10 |
NENEM DO CAZUZA - PROS | 1,07% | NÃO ELEITO | 46.649 | R$ 410.557,51 | R$ 8,80 |
ANDRÉ FIGUEIREDO - PDT | 2,87% | ELEITO | 125.360 | R$ 1.040.950,00 | R$ 8,30 |
JOSÉ GUIMARÃES - PT | 4,79% | ELEITO | 209.032 | R$ 1.610.171,30 | R$ 7,70 |
ODORICO - PT | 2,79% | ELEITO | 121.640 | R$ 780.165,01 | R$ 6,41 |
ADAIL CARNEIRO - PHS | 2,61% | ELEITO | 113.885 | R$ 685.357,51 | R$ 6,02 |
ARIOSTO HOLANDA - PROS | 1,39% | NÃO ELEITO | 60.669 | R$ 355.357,51 | R$ 5,86 |
LUIZIANNE LINS - PT | 2,99% | ELEITO | 130.717 | R$ 732.340,45 | R$ 5,60 |
ARNON BEZERRA - PTB | 1,93% | ELEITO | 84.474 | R$ 426.457,51 | R$ 5,05 |
DOMINGOS NETO - PROS | 4,24% | ELEITO | 185.226 | R$ 917.857,51 | R$ 4,96 |
JOSÉ AIRTON - PT | 2,15% | ELEITO | 94.056 | R$ 431.018,82 | R$ 4,58 |
EUDES XAVIER - PT | 0,82% | NÃO ELEITO | 35.952 | R$ 155.253,00 | R$ 4,32 |
MOSES RODRIGUES - PPS | 3,37% | ELEITO | 147.044 | R$ 629.806,84 | R$ 4,28 |
LEONELZINHO ALENCAR - PT DO B | 0,67% | NÃO ELEITO | 29.217 | R$ 120.862,51 | R$ 4,14 |
MORONI - DEM | 6,36% | ELEITO | 277.774 | R$ 1.118.282,48 | R$ 4,03 |
GENECIAS NORONHA - SD | 5,07% | ELEITO | 221.567 | R$ 822.660,00 | R$ 3,71 |
VICENTE ARRUDA - PROS | 1,62% | NÃO ELEITO | 70.768 | R$ 257.007,51 | R$ 3,63 |
VITOR VALIM - PMDB | 2,12% | ELEITO | 92.499 | R$ 322.452,19 | R$ 3,49 |
MAYRA PINHEIRO - PSDB | 0,59% | NÃO ELEITO | 25.835 | R$ 41.565,00 | R$ 1,61 |
NORMANDO - PSL | 0,84% | NÃO ELEITO | 36.488 | R$ 54.890,00 | R$ 1,50 |
ANIBAL - PMDB | 3,98% | ELEITO | 173.736 | R$ 229.600,00 | R$ 1,32 |
CELIO STUDART - PV | 0,68% | NÃO ELEITO | 29.763 | R$ 19.807,51 | R$ 0,67 |
DR. JAZIEL - PMDB | 1,23% | NÃO ELEITO | 53.561 | R$ 31.001,40 | R$ 0,58 |
CABO SABINO - PR | 2,76% | ELEITO | 120.485 | R$ 22.176,40 | R$ 0,18 |
Por fim, não vejo nada estranho ou absurdo que descredencie o discurso do ativista social e político Célio Studart. Até sugiro mais jovens e cidadãos em geral, comecem a se interessar pela política e confrontem os mandatários que vivem dos cargos eletivos e passam seus papéis políticos de pais para filhos como fosse um bem familiar ou um objeto do seu espólio.