Sábado, 02 Dezembro 2017 10:40

Acordo escrito é legal; acordo verbal é moral!

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Acordo escrito é legal; acordo verbal é moral!
 
Em tempos de despreocupação com a reputação e com a integridade dos acordos proferidos verbalmente, os tempos dos acordos feitos no “FIO DO BIGODE” ficaram no passado recente.
 
Conforme Jorge Linhaça, “há décadas, surgiu à expressão no FIO DO BIGODE que precedeu o lacre, a assinatura e a rubrica. Consistia em dar em garantia da palavra empenhada um fio da própria barba, retirado em geral do bigode. De origem controversa, bigode pode ter vindo da antiga expressão germânica pronunciada nos juramentos: “bi Gott”, ou “por Deus”.”
 
Sou filho de um tempo que a palavra dada é uma das únicas coisas que possuímos e é irrevogável nas nossas relações afetivas, profissionais, sociais etc. 
Fez parte da minha formação familiar e aprendizados empíricos, por meio de muitos exemplos assistidos em terras quixereenses, que o valor da palavra proferida nos relacionamentos sociais e/ou laborais é algo basilar para se cultivar no seu jardim de compromissos e reputações. Inclusive, é um valor bíblico constatado em várias passagens, por exemplo, Jesus dizia: “que o seu sim seja sim, e que o seu não seja não”. 
 
Passageiros desta geração (jovens, sobretudo!), neófitas no mundo dos compromissos tácitos, quando se assume responsabilidades, faça o impossível para honrar o valor da palavra. Mantenha sua palavra, porque ela é preciosa e impacta diretamente na sua reputação. Sua história guardará cada selo dos compromissos honrados e das palavras atropeladas pela a esperteza (Atenção! Esta não engana as pessoas todo o tempo!).
 
Não reproduza a esperteza da fábula do “O macaco e a raposa” que numa eleição na floresta o macaco agradou a todos com suas macaquices, mas “a raposa não se conformou. Pregou, então, uma peça no monarca. Disse a ele que tinha um tesouro escondido. O macaco correu para o esconderijo. Ops! O bobo ficou preso numa armadilha. Está lá até hoje.”
 
A moral da história é que a esperteza não engana a todos todo o tempo e - mais cedo, mais tarde - você será constrangido em algum momento por suas atrapalhadas.
 
Cada vez que sua palavra é honrada por seus gestos, ela se torna mais forte. Quando você dignifica sua relação com os outros, dignifica também sua relação com você. Pense nisso antes de jogar aos porcos o valor de sua palavra!
 
Em uma dimensão jurídica, é difícil a comprovação escorreitamente dos fatos constitutivos do seu direito advindo de um acordo verbal. É complicada a demonstração dos requisitos aptos a gerar o dever de indenizar neste tipo de compromisso, logo seu pedido de indenização, em litígio, será normalmente negado. Os acordos verbais têm um efeito moral, mas não ecoa com a mesma força na legalidade.
 
Acordo escrito é legal! Não é à toa que os contratos de locação são estabelecidos por escrito e só pode ser rescindido ou modificado pela mesma forma, não sendo aceita a alegação de modificação por acordo verbal (art. 1.093 do CC). 
 
Voltemos a reflexão sobre o valor da palavra ... apesar de não serem obrigados pela lei de forma objetiva, não percam seu respeito próprio com promessas em vão; você sentirá vergonha de seus atos ou perderá o respeito dos seus pares, colegas, conhecidos ou àqueles que dividem o palco da vida contigo.
 
Não opte por passar a vida inteira fugindo das responsabilidades; se gasta mais energia desonrando a palavra do que trabalhando para manter seus compromissos.
 
E quando assumir uma responsabilidade desproporcional e estúpida? Simplesmente, honre sua palavra, cumpra o prometido e não volte a assumir este tipo de compromisso que só resultará em prejuízo de energia, de tempo e dinheiro.
 
Não esqueça que você é senhor de suas posições e está em suas mãos escolher por honrar o valor de sua palavra.
 
Reflita!
 
Prof. Ivan Oliveira
Ler 790 vezes Última modificação em Segunda, 25 Dezembro 2017 10:43
Prof. Ivan Oliveira

Tem formação acadêmica em Telecomunicações na Escola Técnica Federal do Ceará (ETFCE), graduação em Engenharia Elétrica com ênfase em Teleinformática pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestrado em Comunicações Móveis pelo Politécnico de Turim e também mestrado em Teleinformática pelo Departamento de Teleinformática (DETI).

www.ivanoliveira.org
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